Perseguido por defender um princípio

Maurício Souza está sendo condenado ao linchamento simplesmente por ter dado a sua opinião.

Ojogador Maurício Souza, da seleção masculina de voleibol, praticamente recebeu uma aposentadoria compulsória de sua profissão. Demitido do Minas Tênis Clube, banido da seleção brasileira e atacado por todos os flancos nas redes sociais, Maurício Souza está experimentando o mesmo linchamento público que a Santa Inquisição organizava contra aqueles que considerava subversivos.

O motivo pelo qual Maurício Souza teve todos os seus contratos quebrados, contudo, nada diz respeito à sua atuação como atleta. O jogador não foi demitido por causa de seu desempenho, nem mesmo por indisciplina ou mau condicionamento físico. Pretextos orçamentários também não cabem neste caso.

O seu banimento da seleção também se dá da mesma maneira. O jogador não sabotou a equipe em jogo algum. Não colocou pó de mico no uniforme de seus jogadores, não foi pego no antidoping, nem fez “corpo mole”. Maurício Souza está sendo condenado ao linchamento simplesmente por ter dado a sua opinião.

Isso mesmo: simplesmente porque o jogador criticou a nova edição da história do Super-Homem, produzida pela DC Comics, que terá como protagonista um personagem bissexual. Por causa disso, Maurício Souza não poderá mais… jogar vôlei!

A punição é duplamente cínica. Em primeiro lugar, está sendo impulsionada por setores que não falaram contra os LGBTs no passado, mas sim que apoiaram governos que assassinaram LGBTs, como é o caso da Fiat ou da Gerdau ─ patrocinadoras do fascismo italiano e da ditadura militar brasileira, respectivamente. Em segundo lugar, porque aqueles que estão atacando os LGBTs, os trabalhadores e todos os oprimidos não estão sendo combatidos de maneira alguma: permanecem impunes no Congresso Nacional, no STF e na presidência da República.

A cena de alguém sendo punido por sua opinião não é, nem de longe, novidade no Brasil. O país, afinal, passa por uma ditadura, controlada pelos piores inimigos do povo. O que também não é mais novidade, e que é muito preocupante, é que este caso não é o primeiro em que um setor da esquerda nacional assina embaixo nas sanções a um indivíduo que tenha cometido o crime de falar o que pensa.

A liberdade de opinião é uma reivindicação fundamental para a esquerda e todo o movimento democrático. Afinal, a esquerda não controla as instituições do Estado: se defende a possibilidade de quem quer que seja censurar alguém por sua opinião, está fortalecendo o Estado e até mesmo as empresas privadas, favorecidos por esse clima de histeria, a promover uma censura generalizada, da qual a esquerda ─ e o trabalhador comum ─ sempre será a maior vítima.

E mais: a liberdade de opinião é, para a esquerda, uma arma fundamental na luta para organizar o povo contra os seus inimigos. Quanto mais a discussão política acontecer às claras, mais fácil será para o povo distinguir quem está ao seu lado de quem não está.

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